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Filme sobre ‘Point 44’ terá exibição gratuita na praça de São Cristóvão

Foto: Divulgação

 

O “Point 44”, o bar que marcou a noite e o carnaval de Cabo Frio virou filme. O curta-documentário “Sou Point 44 amor, um arco íris-multicor”, assinado pelo sociólogo e cineasta Márcio Paixão, será lançado, esta semana. Em Cabo Frio. A sessão de estréia, marcada para a proxima quarta-feira, às seis da tarde, no auditório do Instituto Federal Fluminense, será seguida de debate com o público. O filme também será exibido no Charitas, na sexta-feira, e, como não poderia deixar de ser, na Praça do São Cristóvão no sábado, com sessões às 19h. O documentário, financiado pela Lei Adir Blanc, conta a história de uma das primeiras escolas de samba LGBT do país e do seu fundador David Araújo que em 1995, de acordo com Márcio Paixão, iniciou uma trajetória histórica marcada por afetos, lutas, carnavais e revoluções.
Em entrevista ao jornalsita Cleber Lopes, o diretor Márcio Paixão, que tem mais quatro documentarios no courriculo, entre ele s “O Rui Resiste” e “Uma Terra de Todos”, diz ao público que assistir o filme vai sentir a força que o afeto e a luta são capazes de produzir numa cidade ainda tão conservadora e preconceituosa como é Cabo Frio. Ele diz também que não vê o futuro com esperança nem medo, mas frisa que é movido por indignação e o apreço pelos direitos sociais e políticos conquistados. O diretor lembra que Brasil ainda é o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo.
— Você não precisa ser uma pessoa LGBTQIA+ para lutar pela causa. É uma questão de cidadania e Direitos Humanos, diz.

A entrevista:

Litoral – Você é mestre em sociologia, cineasta, fotógrafo, pesquisador, doutorando em Antropologia Cultural na UFRJ mas se coloca em sua bio como “um viado periférico gerado pelas políticas públicas e ações afirmativas, que fez filmes sem dinheiro e ocupa espaços do centro sem ser herdeiro”. Por quê?“
Márcio – Em um país tão desigual as pessoas acabam confundindo direitos com privilégios. Toda a minha formação acadêmica e artística foi em instituições públicas, e quando foi em instituições privadas eu estudei com bolsa. Sou filho de trabalhadores que não concluíram o ensino fundamental, e lá em casa a educação sempre foi vista como o único caminho para melhoraria de vida. Afinal, não basta só se esforçar, como dizem os meritocratas por aí, e isso eu posso provar pois meus pais sempre trabalharam duro a vida toda e não conseguiram alcançar o sonho da casa própria, por exemplo. A minha geração viveu um período político muito importante, ali entre os anos 2003/2013 a educação teve algum espaço de protagonismo conquistado pelos movimentos sociais, abrindo assim as portas das universidades públicas para nós, filhos/filhas dessa classe trabalhadora. Entrei na UFF com bônus de 10% na minha nota final por ser estudante de escola pública, consegui uma bolsa pelo governo federal para estudar na Europa por um ano, e no mestrado fui cotista por critério socioeconômico, o que garantiu a minha permanência em um dos melhores programas de pós-graduação em sociologia do país, a UFRJ. Ou seja, no Brasil, infelizmente ainda soa estranho dizer que alguém com tantas qualifições profissionais não seja filho de algum empresário da cidade, e isso acontece devido aos abismos sociais que colocam questões de diretos sociais, no caso aqui a educação pública e de qualidade, como privilégios que só o estudante do Sagrado, Santa Rosa, por exemplo, poderia alcançar. E sobre o cinema, por muito tempo era uma arte cara de se fazer por isso também era instrumento de manutenção da classe dominante, agora com a democratização e avanço tecnológico o cinema pode ser realizado inclusive com um celular, o que faz imprimir nas telas narrativas pertencidas e vivenciadas antes nunca contadas, como é o caso da história do Point 44. Esse foi o meu primeiro filme com algum dinheiro, diferente dos outros quatro documentários que fiz.

LITORAL – Você está lançando um documentário sobre o Point 44, famoso bar da cidade que virou escola de samba. O que o elvou a escolher essa história? Qual a sua inspiração?
Márcio – Esse filme tem a sua matriz impressa nas minhas memórias enquanto pré-adolescente, lembro de assistir o desfile de 2002 do Point 44 na TV local e ver comentários homofóbicos e risadas jocosas entre amigos e familiares que estavam comigo na sala de casa. Eu não entendia o motivo daqueles comentários me afetarem tanto, só mais pra frente fui entender que isso me afetava justamente pelo fato de eu também ser uma pessoa LGBTQIA+. Então, no momento que surgiu a oportunidade de produzir um projeto com algum recurso financeiro me veio à cabeça a história do David Araújo e do Point 44, foi a forma que encontrei de dar visibilidade e reconhecimento aos meus pares.

Litoral – O que você descobriu durante o documentário que o surpreendeu e que vai surpreender o público?
Márcio – De alguma forma sempre soube que o David Araújo era alguém que havia mobilizado a sociedade de Cabo Frio, tanto é que escrevi o projeto somente com as informações que eu tinha, eu sabia que era uma história que a cidade precisava conhecer pelo ponto de vista de quem vivenciou, justamente por saber como é ser uma pessoa.LGBTQIA+ na cidade, por tanto nada que ouvi durante as entrevistas me surpreendeu, pelo contrário, só ratificou e aprofundou a minha admiração pela luta desse homem gay revolucionário e todas as pessoas que o cercavam. Já o público vai poder sentir a força que o afeto e a luta são capazes de produzir numa cidade ainda tão conservadora e preconceituosa.como é Cabo Frio.

Litoral – Resisitr numa cidade de interior é mais difícil para jovens que lutam contra o fechamento de uma escola ou para a comunidade LGBTQI+ que luta pelo direito de frequentar um espaço dedicado a eles?
Márcio – As lutas são múltiplas, e uma não pode anular a outra em hipótese alguma, pois as questões de gênero e sexualidade percorrem inclusive instituições como a escola. Exemplos disso são nos casos de pessoas trans/travestis que evadem por não terem o acolhimento e a inclusão devida no ambiente escolar. O que acaba gerando uma contradição, pois a educação é o capacitador de uma ascenção social, logo, como essas pessoas trans/travestis irão se colocar num mercado de trabalho sem conseguir estudar? Portanto, o que existe nesse caso são lutas a serem travadas e conquistadas a serem alcançadas com o mesmo grau de importância e necessidade.

LITORAL – A Escola de Samba, de certa forma, contribuiu para maior aceitação da Bar Point 44?
Márcio – A escola de samba trouxe ainda mais força para tornar visível as pessoas que a sociedade ainda insiste em desumanizar. O Point 44 foi uma instituição de acolhimento e afeto que deu início a mobilização política sistematizada das questões de gênero e sexualidade na cidade.

LITORAL – Quando o Peteca fala que as batidas policiais se tornaram constantes se confirma a LGBTFobia oficial?
Márcio – Claro, com certeza. O Point 44 era localizado numa região periférica da cidade, as pessoas que lá frequentavam eram majoritariamente pessoas LGBTQIA+, que também estão localizadas em zonas periféricas se tratando de direitos sociais e politicos, e numa sociedade em que as instituições como a polícia são braços de um Estado que tem profundas dificuldades em promover a inclusão de pessoas como nós, não teria outra ação se não o uso da força como promotora de coação e repressão da nossa liberdade. Além do caso do Point 44, posso citar outras ações como essa que são características de um Estado repressor, como no caso do bar Stonewall em Nova York no ano de 1969, que após inúmeras batidas polícias ocasionou um levante que deu início ao movimento LGBTQIA+.

LITORAL – O sociólogo e o cineasta enxergam o Brasil de hoje da mesma maneira? Você vê com esperança ou medo? O que mudou daquele 1995 para hoje?
Márcio – Para pessoas como o David, Peteca e Raquel com toda certeza houve melhorias, inclusive por ter sido eles/elas os/a mobilizadores/as desses avanços aqui na cidade. Óbvio que reconheço que por conta das lutas travadas e caminhos abertos por esse grupo eu pude me expressar com liberdade na parada gay de Cabo Frio em 2005. Porém, ainda existe muita coisa a ser transformada, como por exemplo a questão do Brasil ainda ser o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. Portanto não tenho esperança nem medo, o que me move é a indignação e o apreço pelo os meus direitos sociais e politicos conquistados pelos os que vieram antes de mim, e os que ainda serão conquistados, e que o Estado insiste em negar.

LITORAL – Porque você escolheu IFF, Charitas e Praça de São Cristóvão para exibir o filme?
Márcio – Infelizmente em Cabo Frio a produção cultural ainda é muito centralizada no centro da cidade, quando propus o projeto pensei justamente nessa descentralização, democratizar o acesso a essa história real que foi produz ida justamente em uma zona periférica (bairro Guarani) por pessoas que estavam à margem da sociedade.

LITORAL – Num país em que o preconceito aumenta o que você espera do futuro?
Márcio – Espero que mais pessoas nos reconheçam, valorizem, e se mobilizem com a gente, pois como já é sabido, você não precisa ser uma pessoa LGBTQIA+ para lutar pela causa. É uma questão de cidadania e Direitos Humanos.

LITORAL – Qual a história que você sonha contar?
Márcio – Todas aquelas que tenham sido soterradas por esse processo histórico que o sistema social, político e econômico que vivemos produz.

 

 

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